quinta-feira, 28 de junho de 2012

Correr com os cavalos



Correr com os cavalos



Todas as pessoas foram criadas com potencial para crescerem e se desenvolverem. Crescer, multiplicar, dar frutos; para conquistar e melhorar a cada dia. Pode acontecer, porém, que mesmo diante de situações pequenas, nos venha o medo e, assim, retrocedamos.  É preciso reflexão quando o medo tenta nos fazer parar ou voltar atrás, quando esta não seria a melhor opção. Se pequenas situações nos impedem de seguir adiante, como poderemos vencer quando estivermos diante de um grande desafio?

Se quisermos avançar e sair do nível da mediocridade, temos que aprender a correr com os cavalos. Correr com os cavalos significa obter a vitória sobre as grandes batalhas. Essas conquistas dependem do nosso desempenho sobre as pequenas lutas. Isso porque as pequenas lutas que enfrentamos fazem parte do nosso treinamento para as batalhas maiores que estão por vir. Lembrando a promessa bíblica, 'a quem é fiel no pouco, Deus lhe confiará mais'.

Fazer o que comumente qualquer outra pessoa faria, é correr a pé. Quem corre a pé não surpreende, faz apenas o que é esperado, realiza o padrão, o mínimo considerado necessário. Correr a pé é, ainda, mesmo fazendo apenas o mínimo necessário, cansar-se e, inclusive, reclamar. Mas, se a pessoa se entrega à derrota em coisas mínimas, cansando-se e reclamando, como poderá fazer conquistas maiores? Temos aquela missão que depende de nosso sim para que aconteça... Temos, também, muitos desejos, muitos sonhos... Há que se saber qual é a disposição para alcançá-los; qual é o entusiasmo que dispensamos para atingi-los. Quanto, de trabalho árduo, estamos dispostos a empreender.

            Se correr a pé é o corriqueiro, o que se pode fazer para correr com os cavalos? Dar o melhor de si. Realizar o que nos foi confiado, desdobrando-nos, gastando-nos. E mesmo no cansaço e nas dificuldades, mesmo diante dos obstáculos enfrentados, encontrar o caminho e seguir em frente na busca do objetivo traçado. O cansaço e o desânimo são dissipados pela visão permanente e confiante da vitória futura e próxima.

No entanto, mesmo desdobrando-se, ainda que deem o melhor de si, homens e mulheres, por si mesmos, não podem competir com cavalos. Para correr mais que cavalos é necessária a unção de Deus. Quando Deus dá uma missão, capacita a pessoa para fazer o que é preciso. É, pois, em Deus, que devemos colocar toda a nossa confiança e, com intrepidez, fazer o que deve ser feito. 

Imbuídos, então, de entusiasmo e motivação; descobrindo dia a dia a missão que nos é dada por Deus, podemos esperar resultados favoráveis, podemos confiar na vitória, porque é o próprio Deus que nos anima, nos desafia e capacita a correr com os cavalos: "Se te afadigas em correr com os que andam a pé, como poderás lutar com os que vão a cavalo?" (Jr 12,5a)



Sumã Pedrosa[1]



[1] Professora do Instituto de Filosofia e Teologia Santa Cruz e no Senac.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

PROFESSOR E ALUNO: UM CONTÍNUO E RECIPROCO APRENDER





PROFESSOR E ALUNO:

UM CONTÍNUO E RECÍPROCO APRENDER



A relação estabelecida entre um professor e seu aluno ultrapassa a sala de aula. É muito mais que um ensinamento sobre algo. Nesta relação compartilham-se experiências, conteúdos e até a intimidade da própria vida. Quando se há um diálogo sadio e profícuo entre eles, perde-se a formalidade da pessoa do professor como e somente professor e do aluno como e somente aluno. Há agora dois amigos que caminham juntos na via do conhecimento.

Na antiguidade, o sonho de educar o homem surgiu no coração de Sócrates que, pelo método maiêutico, estabelecia colóquios com o objetivo de levar os homens ao conhecimento da verdade pela capacidade intelectiva e pela prática das virtudes. Depois de Sócrates, outros vieram e avançaram no processo educacional do ser humano. Dentre eles se destacaram Platão, com a fundação da Academia, e Aristóteles, com o ensino no Liceu.

Nos nossos dias atuais parece que a educação do homem tornou-se um fardo pesado demais para o professor carregar sozinho, pois os pais que são os primeiros educadores transferiram toda a responsabilidade da educação de seus filhos para a pessoa do professor. O educador contemporâneo precisa ser pai, mãe, irmão mais velho, tio e até avô do formando porque, muitas das vezes, o professor é um modelo de pessoa ideal para muitos alunos que não tiveram a oportunidade de ter um bom exemplo em casa.

Mediante a grande modernização da transmissão do conhecimento que agora pode ser via “professor virtual”, esfriou o contato mais pessoal do professor com o aluno na sala de aula. Há, por um lado, alunos satisfeitos com essa educação via distância (virtual) em que o professor está do outro lado da rede. Outros preferem uma relação mais próxima do professor em que o aluno possa estabelecer um diálogo mais próximo e humano com ele.

A relação professor-aluno foi entendida e amadurecida com o passar do tempo. Não se trata mais de relações autoritárias em que o aluno era submetido ao professor porque este era o que sabia mais, mas de um diálogo interativo entre aquele que já tem um conhecimento prévio sobre o assunto e aquele que quer entender o tema fazendo perguntas, dando novas opiniões, sugerindo novos conceitos, para que o prazeroso processo de aprender seja permanente e reciprocamente enriquecedor para ambos os lados.

Bruno Soares[1]



[1] Seminarista da Diocese de Rubiataba-Mozarlândia 1°de Filosofia do IFTSC

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo


Das Obras de Santo Tomás de Aquino, presbítero

(Opusculum 57, In festo Corporis Christi, lect. 1-4)

(Séc.XIII)

Ó precioso e admirável banquete!



O unigênito Filho de Deus, querendo fazer-nos participantes da sua divindade, assumiu nossa natureza, para que, feito homem, dos homens fizesse deuses.

Assim, tudo quanto assumiu da nossa natureza humana, empregou-o para nossa salvação. Seu corpo, por exemplo, ele o ofereceu a Deus Pai como sacrifício no altar da cruz, para nossa reconciliação; seu sangue, ele o derramou ao mesmo tempo como preço do nosso resgate e purificação de todos os nossos pecados.

Mas, a fim de que permanecesse para sempre entre nós o memorial de tão imenso benefício, ele deixou aos fiéis, sob as aparências do pão e do vinho, o seu corpo como alimento e o seu sangue como bebida.

Ó precioso e admirável banquete, fonte de salvação e repleto de toda suavidade! Que há de mais precioso que este banquete? Nele, já não é mais a carne de novilhos e cabritos que nos é dada a comer, como na antiga Lei, mas é o próprio Cristo, verdadeiro Deus, que se nos dá em alimento. Poderia haver algo de mais admirável que este sacramento?

De fato, nenhum outro sacramento é mais salutar do que este; nele os pecados são estruídos, crescem as virtudes e a alma é plenamente saciada de todos os dons espirituais.

É oferecido na Igreja pelos vivos e pelos mortos, para que aproveite a todos o que foi instituído para a salvação de todos.

Ninguém seria capaz de expressar a suavidade deste sacramento; nele se pode saborear a doçura espiritual em sua própria fonte; e torna-se presente a memória daquele imenso e inefável amor que Cristo demonstrou para conosco em sua Paixão.

Enfim, para que a imensidade deste amor ficasse mais profundamente gravada nos corações dos fiéis, Cristo instituiu este sacramento durante a última Ceia, quando, ao celebrar a Páscoa com seus discípulos, estava prestes a passar deste mundo para o Pai.

A Eucaristia é o memorial perene da sua Paixão, o cumprimento perfeito das figuras da Antiga Aliança e o maior de todos os milagres que Cristo realizou. É ainda singular conforto que ele deixou para os que se entristecem com sua ausência.



Esta obra encontra-se na Liturgia das Horas Oficio das Leituras volume III na Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo.

Jorgge Eduardo Ulisses de Resende
Seminarista da Diocese de Jataí 1° Ano de Filosofia pelo Instituto Santa Cruz