domingo, 2 de dezembro de 2012

“A quantos, porém, a acolheram, deu-lhes poder de se tornarem filhos de Deus”. (Jo 1,12)


PALAVRA DE VIDA DO MÊS DE DEZEMBRO

“A quantos, porém, a acolheram, deu-lhes poder de se tornarem filhos de Deus”. (Jo 1,12)

Eis a grande novidade anunciada e doada por Jesus à humanidade: a filiação divina, a possibilidade de nos tornarmos filhos de Deus pela ação da graça.

Mas como e a quem é dada essa graça? “A quantos a acolheram” e a acolherão no decorrer dos séculos. É necessário acolhê-la na fé e no amor, acreditando em Jesus como nosso Salvador.

Mas procuremos entender mais profundamente o que significa ser filhos de Deus.

É suficiente olhar para Jesus, o Filho de Deus, e para o seu relacionamento com o Pai: Jesus invocava seu Pai como no “Pai nosso”. Para Ele o Pai era “Abbá”, que significa papai, paizinho, a quem Ele se dirigia com palavras de infinita confidência e incomensurável amor.

Porém, já que tinha vindo à terra por nós, não se satisfez em ficar apenas Ele nessa condição privilegiada. Morrendo por nós, redimindo--nos, Ele nos tornou filhos de Deus, suas irmãs e seus irmãos, e deu também a nós, por meio do Espírito Santo, a possibilidade de sermos introduzidos no íntimo da Trindade. De modo que também para nós se tornou possível aquela sua divina invocação: “Abbá, Pai!” (Mc 14,36; Rm 8,15), “papai, paizinho meu”, nosso, com tudo o que ela representa, ou seja: certeza da sua proteção, segurança, abandono ao seu amor, consolações divinas, força, ardor; ardor que brota no coração de quem tem a certeza de ser amado.

“A quantos, porém, a acolheram, deu-lhes poder de se tornarem filhos de Deus”.

O que nos torna uma só coisa com Cristo e, com Ele, filhos no Filho é o batismo e a vida da graça que este nos proporciona.


Além disso, existe nessa passagem do Evangelho uma expressão que revela também o profundo dinamismo dessa “filiação” que devemos
realizar dia após dia. De fato, devemos nos “tornar filhos de Deus”.

Nós nos tornamos filhos de Deus, crescemos como filhos de Deus quando correspondemos ao seu dom, vivendo a sua vontade, que está toda concentrada no mandamento do amor: amor para com Deus e amor para com o próximo.


Com efeito, acolher Jesus significa reconhecê-lo em todos os nossos próximos. E também esses terão a possibilidade de reconhecer Jesus e de acreditar Nele, se descobrirem no nosso amor por eles um traço, uma centelha do ilimitado amor do Pai.

“A quantos, porém, a acolheram, deu-lhes poder de se tornarem filhos de Deus” .

Neste mês, em que recordamos de maneira especial o nascimento de Jesus aqui na terra, procuremos acolher-nos mutuamente, reconhecendo e servindo o próprio Cristo uns nos outros.

Então também entre nós e o Pai se estabelecerá uma reciprocidade de amor, de conhecimento de vida como aquela que une o Filho ao Pai no Espírito Santo, e sentiremos a todo momento brotar dos nossos lábios a invocação de Jesus: “Abbá, Pai”.

Chiara Lubich

Esta Palavra de Vida foi publicada originalmente em dezembro de 1998

 

domingo, 11 de novembro de 2012

Simplicidade princípio da Sabedoria


Simplicidade princípio da Sabedoria

 

 







A simplicidade é simples

E não busca luxo.

A simplicidade busca o amor.

 

O caminho para a humildade

É a simplicidade.

E a humildade leva ao amor.

 

A simplicidade é oposta a multiplicidade,

E conduz para o despojar-se do material.

Buscar a simplicidade

É buscar por algo espiritual.

 

Este algo espiritual

Não vem pelo conhecimento,

Mas sim pela sabedoria.

A simplicidade é o princípio da Sabedoria.

 

Diêmersom Bento de Araújo

segunda-feira, 22 de outubro de 2012


Prece do Beato João Paulo II na Capela da Medalha Milagrosa


Oração feita pelo Beato João Paulo II na Capela da Medalha Milagrosa, em 31 de maio de 1980.


Ave, Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco bendita sois vós entre as mulheres bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte.
Amém.

Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós.

Esta é a oração que vós inspirastes, ó Maria, a Santa Catarina Labouré, neste mesmo lugar há 150 anos; e esta invocação, agora impressa na medalha, e actualmente levada e pronunciada por tantos fiéis no mundo inteiro!

Neste dia em que a Igreja celebra a visita que vos fizestes a Isabel quando o Filho de Deus já tomara carne no vosso seio a nossa primeira oração será para vos louvar e vos bendizer. Vós sois bendita entre todas as mulheres! Bem-aventurada vós que acreditastes! O Poderoso fez por vós maravilhas! A maravilha da vossa maternidade divina! E em previsão dela, a maravilha da vossa Imaculada Conceição! A maravilha do vosso Fiat! Vós fostes associada tão intimamente a toda a obra da nossa Redenção, associada à cruz do nosso Salvador, o vosso Coração foi por isso trespassado, ao lado do Seu Coração. E agora, na glória do vosso Filho, vós não cessais de interceder por nós, pobres pecadores. Vós velais pela Igreja de que sois Mãe. Vós velais por cada um dos vossos filhos. Vós obtendes de Deus, para nós, todas estas graças, simbolizadas pelos raios de luz que irradiam das vossas mãos abertas. Apenas sob a condição de que nos atrevamos a pedir-vo-las, que nos aproximemos de vós com a confiança, a ousadia e a simplicidade duma criança assim que vós nos levais sem cessar a caminho do vosso divino Filho.

Neste lugar abençoado, gosto de vos repetir eu próprio, hoje, a confiança, o apego profundíssimo de que vós me fizestes sempre a graça. "Totus tuus". Venho como peregrino, depois de todos os que vieram a esta capela a partir de há 150 anos; como todo o povo cristão que em grande número está aqui todos os dias para vos dizer a sua alegria, a sua confiança e a sua súplica. Venho como o Beato Maximiliano Kolbe: antes da sua viagem missionária ao Japão; precisamente há 50 anos, veio ele aqui procurar o vosso apoio particular para propagar aquilo a que chamou depois "A Milícia da Imaculada" e veio lançar a sua obra prodigiosa de renovação espiritual, sob o vosso patrocino, antes de dar a vida pelos seus irmãos. Cristo pede hoje a sua Igreja uma grande obra de renovação espiritual. E eu, humilde sucessor de Pedro, é esta grande obra que venho confiar-vos; como o fiz em Jasna Gora, em Nossa Senhora de Guadalupe em Knock, em Pompéia, em Éfeso, e como o farei no próximo ano em Lourdes.

Consagramo-vos as nossas forças e a nossa disponibilidade para servirmos o desígnio de salvação operada pelo vossa Filho. Pedimo-vos que, graças ao Espírito Santo, a fé se aprofunde e robusteça em todo o povo cristão, para a comunhão vencer todos os germes de divisão e para a esperança ser revigorada em todos os desanimados. Pedimo-vos especialmente por este povo da França, pela Igreja que está na França, pelos seus Pastores, pelas almas consagradas, pelos pais e mães de família, pelas crianças e pelos jovens, pelos homens e pelas mulheres da terceira idade. Pedimo-vos por aqueles que sofrem duma miséria particular, física ou moral, que sentem a tentação de infidelidade, que estão abalados pela dúvida num clima de incredulidade, e pedimo-vos também pelos que sofrem perseguição por causa da fé. Nós confiamo-vos o apostolado dos leigos, o ministério dos Sacerdotes e o testemunho das Religiosas. Nós vos pedimos que o apelo da vocação sacerdotal e religiosa seja muitas vezes ouvido e seguido, para glória de Deus e vitalidade da Igreja neste país, e pela dos países que esperam ainda uma ajuda fraternal missionária.

Recomendamo-vos especialmente a multidão das Irmãs da Caridade, cuja Casa-Mãe está neste lugar estabelecida, as quais, no espírito do fundador São Vicente de Paulo e de Santa Luísa de Marillac, estão tão prontas para servir a Igreja e os pobres em todos os meios em todos os países. Nós vos pedimos por aquelas que habitam esta Casa e acolhem, no coração desta capital febril, todos os peregrinos que sabem qual o preço do silêncio e da oração.

Ave, Maria, cheia de graça, a Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém.

Paris, 31 de maio de 1980.

Oraçao do Beato João Paulo II

Oraçao do Beato João Paulo II

Ó Deus, rico de misericórdia, que escolhestes o beato João Paulo II para governar a Vossa Igreja como papa, concedei-nos que, instruídos pelos seus ensinamentos, possamos abrir confiadamente os nossos corações à graça salvífica de Cristo, único Redentor do homem. Ele que convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém.


A igreja hoje celebra a festa do Beato João Paulo II

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Simplicidade princípio da Sabedoria


Simplicidade princípio da Sabedoria

 

 

A simplicidade é simples

E não busca luxo.

A simplicidade busca o amor.

 

O caminho para a humildade

É a simplicidade.

E a humildade leva ao amor.

 

A simplicidade é oposta a multiplicidade,

E conduz para o despojar-se do material.

Buscar a simplicidade

É buscar por algo espiritual.

 

Este algo espiritual

Não vem pelo conhecimento,

Mas sim pela sabedoria.

A simplicidade é o princípio da Sabedoria.

 

Diêmersom Bento de Araújo

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Alienação


Alienação


No cubículo escuro

Vê-se o nada

A sensação de um abatedouro

Um frio sufocante e abafado.

 

A mente não imagina

Os olhos ficam imóveis

A vontade é submetida

O agir, mecânico.

 

O televisor hipnotizante

A imagem, apreendedora

O som, dopante

O ser, alienado.

 

Diêmersom Bento de Araújo

 

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Prisioneiro do Amor

Prisioneiro do Amor

Kelly Patrícia

Ah! Como é bom
Sentir a doce paz
E o amor que é suave
Me leva a sorrir

É você chegou
Qual ladrão me fitou
E roubou para si
O meu coração

E agora sem forças
Eu sou prisioneiro
Do mais belo amor
Do doce Jesus
Do meu bem da Cruz

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Mãe

Mãe


Renovadora e reveladora do mundo
A humanidade se renova no teu ventre.
Cria teus filhos,
não os entregues à creche.
Creche é fria, impessoal.
Nunca será um lar
para teu filho.
Ele, pequenino, precisa de ti.
Não o desligues da tua força maternal.

Que pretendes, mulher?
Independência, igualdade de condições...
Empregos fora do lar?
És superior àqueles
que procuras imitar.
Tens o dom divino
de ser mãe
Em ti está presente a humanidade.

Mulher, não te deixes castrar.
Serás um animal somente de prazer
e às vezes nem mais isso.
Frígida, bloqueada, teu orgulho te faz calar.
Tumultuada, fingindo ser o que não és.
Roendo o teu osso negro da amargura.
Cora Coralina

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Aninha e suas pedras

Aninha e suas pedras

Não te deixes destruir...
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.

Cora Coralina (Outubro, 1981)

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Antiguidades

Antiguidades
Quando eu era menina
bem pequena,
em nossa casa,
certos dias da semana
se fazia um bolo,
assado na panela
com um testo de borralho em cima.
Era um bolo econômico,
como tudo, antigamente.
Pesado, grosso, pastoso.
(Por sinal que muito ruim.)
Eu era menina em crescimento.
Gulosa,
abria os olhos para aquele bolo
que me parecia tão bom
e tão gostoso.
A gente mandona lá de casa
cortava aquele bolo
com importância.
Com atenção. Seriamente.
Eu presente.
Com vontade de comer o bolo todo.

Era só olhos e boca e desejo
daquele bolo inteiro.
Minha irmão mais velha
governava. Regrava.
Me dava uma fatia,
tão fina, tão delgada...
E fatias iguais às outras manas.
E que ninguém pedisse mais !
E o bolo inteiro,
quase intangível,
se guardava bem guardado,
com cuidado,
num armário, alto, fechado,
impossível.
Era aquilo, uma coisa de respeito.
Não pra ser comido
assim, sem mais nem menos.
Destinava-se às visitas da noite,
certas ou imprevistas.
Detestadas da meninada.
Criança, no meu tempo de criança,
não valia mesmo nada.
A gente grande da casa
usava e abusava
de pretensos direitos
de educação.
Por dá-cá-aquela-palha,
ralhos e beliscão.
Palmatória e chineladas
não faltavam.
Quando não,
sentada no canto de castigo
fazendo trancinhas,
amarrando abrolhos.
"Tomando propósito".
Expressão muito corrente e pedagógica. Aquela gente antiga,
passadiça, era assim:
severa, ralhadeira.
Não poupava as crianças.
Mas, as visitas...
- Valha-me Deus !...
As visitas...
Como eram queridas,
recebidas, estimadas,
conceituadas, agradadas!

Era gente superenjoada.
Solene, empertigada.
De velhas conversar
que davam sono.
Antiguidades...
Até os nomes, que não se percam:
D. Aninha com Seu Quinquim.
D. Milécia, sempre às voltas
com receitas de bolo, assuntos
de licores e pudins.
D. Benedita com sua filha Lili.
D. Benedita - alta, magrinha.
Lili - baixota, gordinha.
Puxava de uma perna e fazia crochê.
E, diziam dela línguas viperinas:
"- Lili é a bengala de D. Benedita".
Mestre Quina, D. Luisalves,
Saninha de Bili, Sá Mônica.
Gente do Cônego Padre Pio.
D. Joaquina Amâncio...
Dessa então me lembro bem.
Era amiga do peito de minha bisavó.
Aparecia em nossa casa
quando o relógio dos frades
tinha já marcado 9 horas
e a corneta do quartel, tocado silêncio.
E só se ia quando o galo cantava.

O pessoal da casa,
como era de bom-tom,
se revezava fazendo sala.
Rendidos de sono, davam o fora.
No fim, só ficava mesmo, firme,
minha bisavó.
D. Joaquina era uma velha
grossa, rombuda, aparatosa.
Esquisita.
Demorona.
Cega de um olho.
Gostava de flores e de vestido novo.
Tinha seu dinheiro de contado.
Grossas contas de ouro
no pescoço.
Anéis pelos dedos.
Bichas nas orelhas.
Pitava na palha.
Cheirava rapé.
E era de Paracatu.
O sobrinho que a acompanhava,
enquanto a tia conversava
contando "causos" infindáveis,
dormia estirado
no banco da varanda.
Eu fazia força de ficar acordada
esperando a descida certa
do bolo
encerrado no armário alto.
E quando este aparecia,
vencida pelo sono já dormia.
E sonhava com o imenso armário
cheio de grandes bolos
ao meu alcance.

De manhã cedo
quando acordava,
estremunhada,
com a boca amarga,
- ai de mim -
via com tristeza,
sobre a mesa:
xícaras sujas de café,
pontas queimadas de cigarro.
O prato vazio, onde esteve o bolo,
e um cheiro enjoado de rapé.
Cora Coralina

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

CORA CORALINA, QUEM É VOCÊ?


Sou mulher como outra qualquer.
Venho do século passado
e trago comigo todas as idades.

Nasci numa rebaixa de serra
Entre serras e morros.
“Longe de todos os lugares”.
Numa cidade de onde levaram
o ouro e deixaram as pedras.

Junto a estas decorreram
a minha infância e adolescência.

Aos meus anseios respondiam
as escarpas agrestes.
E eu fechada dentro
da imensa serrania
que se azulava na distância
longínqua.

Numa ânsia de vida eu abria
O vôo nas asas impossíveis
do sonho.

Venho do século passado.
Pertenço a uma geração
ponte, entre a libertação
dos escravos e o trabalhador livre.
Entre a monarquia caída e a república
que se instalava.

Todo o ranço do passado era presente.
A brutalidade, a incompreensão, a ignorância, o carrancismo.
Os castigos corporais.
Nas casas. Nas escolas.
Nos quartéis e nas roças.
A criança não tinha vez,
Os adultos eram sádicos
aplicavam castigos humilhantes.

Tive uma velha mestra que já
havia ensinado uma geração
antes da minha.
Os métodos de ensino eram
antiquados e aprendi as letras
em livros superados de que
ninguém mais fala.

Nunca os algarismos me
entraram no entendimento.
De certo pela pobreza que marcaria
Para sempre minha vida.
Precisei pouco dos números.

Sendo eu mais doméstica do
que intelectual,
não escrevo jamais de forma
consciente e racionada, e sim
impelida por um impulso incontrolável.
Sendo assim, tenho a
consciência de ser autêntica.

Nasci para escrever, mas, o meio,
o tempo, as criaturas e fatores
outros, contra-marcaram minha vida.

Sou mais doceira e cozinheira
Do que escritora, sendo a culinária
a mais nobre de todas as Artes:
objetiva, concreta, jamais abstrata
a que está ligada à vida e
à saúde humana.

Nunca recebi estímulos familiares para ser literata.
Sempre houve na família, senão uma
hostilidade, pelo menos uma reserva determinada
a essa minha tendência inata.
Talvez, por tudo isso e muito mais,
sinta dentro de mim, no fundo dos meus
reservatórios secretos, um vago desejo de analfabetismo.
Sobrevivi, me recompondo aos
bocados, à dura compreensão dos
rígidos preconceitos do passado.

Preconceitos de classe.
Preconceitos de cor e de família.
Preconceitos econômicos.
Férreos preconceitos sociais.

A escola da vida me suplementou
as deficiências da escola primária
que outras o destino não me deu.

Foi assim que cheguei a este livro
Sem referências a mencionar.

Nenhum primeiro prêmio.
Nenhum segundo lugar.

Nem Menção Honrosa.
Nenhuma Láurea.

Apenas a autenticidade da minha
poesia arrancada aos pedaços
do fundo da minha sensibilidade,
e este anseio:
procuro superar todos os dias
Minha própria personalidade
renovada,
despedaçando dentro de mim
tudo que é velho e morto.

Luta, a palavra vibrante
que levanta os fracos
e determina os fortes.

Quem sentirá a Vida
destas páginas...
Gerações que hão de vir
de gerações que vão nascer.

O Cântico da Terra


BIOGRAFIA

Cora Coralina , pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, (Cidade de Goiás, 20 de agosto de 1889 — Goiânia, 10 de abril de 1985), é a grande poetisa do Estado de Goiás. Em 1903 já escrevia poemas sobre seu cotidiano, tendo criado, juntamente com duas amigas, em 1908, o jornal de poemas femininos "A Rosa". Em 1910, seu primeiro conto, "Tragédia na Roça", é publicado no "Anuário Histórico e Geográfico do Estado de Goiás", já com o pseudônimo de Cora Coralina. Em 1911 conhece o advogado divorciado Cantídio Tolentino Brêtas, com quem foge. Vai para Jaboticabal (SP), onde nascem seus seis filhos: Paraguaçu, Enéias, Cantídio, Jacintha, Ísis e Vicência. Seu marido a proíbe de integrar-se à Semana de Arte Moderna, a convite de Monteiro Lobato, em 1922. Em 1928 muda-se para São Paulo (SP). Em 1934, torna-se vendedora de livros da editora José Olimpio que, em 1965, lança seu primeiro livro, "O Poema dos Becos de Goiás e Estórias Mais". Em 1976, é lançado "Meu Livro de Cordel", pela editora Cultura Goiana. Em 1980, Carlos Drummond de Andrade, como era de seu feitio, após ler alguns escritos da autora, manda-lhe uma carta elogiando seu trabalho, a qual, ao ser divulgada, desperta o interesse do público leitor e a faz ficar conhecida em todo o Brasil.

Sintam a admiração do poeta, Carlos Drummond de Andrade manifestada em carta dirigida a Cora Coralina:

"
Cora Coralina. Não tendo o seu endereço, lanço estas palavras ao vento, na esperança de que ele as deposite em suas mãos. Admiro e amo você como alguém que vive em estado de graça com a poesia. Seu livro é um encanto, seu verso é água corrente, seu lirismo tem a força e a delicadeza das coisas naturais. Ah, você me dá saudades de Minas, tão irmã do teu Goiás! Dá alegria na gente saber que existe bem no coração do Brasil um ser chamado Cora Coralina. Todo o carinho, toda a admiração do seu Carlos Drummond de Andrade”.
 
Segue um poema de Cora Coralina.

O Cântico da Terra

Eu sou a terra, eu sou a vida.
Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.

Eu sou a fonte original de toda vida.
Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha da coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado
e certeza tranqüila ao teu esforço.
Sou a razão de tua vida.
De mim vieste pela mão do Criador,
e a mim tu voltarás no fim da lida.
Só em mim acharás descanso e Paz.

Eu sou a grande Mãe Universal.
Tua filha, tua noiva e desposada.
A mulher e o ventre que fecundas.
Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.

A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.
Teu arado, tua foice, teu machado.
O berço pequenino de teu filho.
O algodão de tua veste
e o pão de tua casa.

E um dia bem distante
a mim tu voltarás.
E no canteiro materno de meu seio
tranqüilo dormirás.

Plantemos a roça.
Lavremos a gleba.
Cuidemos do ninho,
do gado e da tulha.
Fartura teremos
e donos de sítio
felizes seremos.

Cora Coralina

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Certezas


Certezas

Não quero alguém que morra de amor por mim...

Só preciso de alguém que viva por mim, que queira estar junto de mim, me abraçando.

Não exijo que esse alguém me ame como eu o amo, quero apenas que me ame, não me importando com que intensidade.
Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim...

Nem que eu faça a falta que elas me fazem, o importante pra mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível...
E que esse momento será inesquecível...

Só quero que meu sentimento seja valorizado.
Quero sempre poder ter um sorriso estampando em meu rosto, mesmo quando a situação não for muito alegre...
E que esse meu sorriso consiga transmitir paz para os que estiverem ao meu redor.

Quero poder fechar meus olhos e imaginar alguém...e poder ter a absoluta certeza de que esse alguém também pensa em mim quando fecha os olhos, que faço falta quando não estou por perto.

Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias e loucuras, alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho...

Que me veja como um ser humano completo, que abusa demais dos bons sentimentos que a vida lhe proporciona, que dê valor ao que realmente importa, que é meu sentimento...e não brinque com ele.

E que esse alguém me peça para que eu nunca mude, para que eu nunca cresça, para que eu seja sempre eu mesmo.

Não quero brigar com o mundo, mas se um dia isso acontecer, quero ter forças suficientes para mostrar a ele que o amor existe...

Que ele é superior ao ódio e ao rancor, e que não existe vitória sem humildade e paz.
Quero poder acreditar que mesmo se hoje eu fracassar, amanhã será outro dia, e se eu não desistir dos meus sonhos e propósitos, talvez obterei êxito e serei plenamente feliz.

Que eu nunca deixe minha esperança ser abalada por palavras pessimistas...
Que a esperança nunca me pareça um NÃO que a gente teima em maquiá-lo de verde e entendê-lo como SIM.

Quero poder ter a liberdade de dizer o que sinto a uma pessoa, de poder dizer a alguém o quanto ele é especial e importante pra mim, sem ter de me preocupar com terceiros... Sem correr o risco de ferir uma ou mais pessoas com esse sentimento.

Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão...

Que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades a às pessoas, que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim... e que valeu a pena.

Mário Quintana.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Palavra de Vida – setembro de 2012

Palavra de Vida – setembro de 2012
“Todo o que bebe dessa água, terá sede de novo; mas quem beber da água que eu darei, nunca mais terá sede: porque a água que eu darei se tornará nele uma fonte de água jorrando para a vida eterna.” (Jo 4,13-14)
Nesta pérola do Evangelho, que são as palavras dirigidas à samaritana junto ao poço de Jacó, Jesus fala da água como do elemento mais simples, que, no entanto, se revela o mais almejado, o mais vital para quem tem familiaridade com o deserto. Ele não precisava explicar muita coisa para dar a entender o que significa a água.
A água da fonte serve para a nossa vida natural, enquanto que a água viva, da qual Jesus fala, se destina à vida eterna.
Assim como o deserto floresce somente depois de uma chuva abundante, também as sementes plantadas em nós com o batismo só podem germinar se forem regadas pela Palavra de Deus. E a planta cresce, lança novos rebentos e assume a forma de uma árvore ou de uma linda flor. E tudo isso porque recebe a água viva da Palavra, que desperta a vida, mantendo-a por toda a eternidade.
“Todo o que bebe dessa água, terá sede de novo; mas quem beber da água que eu darei, nunca mais terá sede: porque a água que eu darei se tornará nele uma fonte de água jorrando para a vida eterna.”
As palavras de Jesus dirigem-se a todos nós, os sedentos deste mundo: aos que estão conscientes da própria aridez espiritual e ainda sentem os tormentos da sede, bem como aos que nem sequer sentem mais a necessidade de matar a sede na fonte da verdadeira vida e dos grandes valores da humanidade.
Mas, no fundo, é a todos os homens e às mulheres de hoje que Jesus dirige um convite, revelando onde podemos encontrar a resposta aos nossos porquês e satisfazer plenamente as nossas aspirações.
Depende de todos nós, portanto, alimentar-nos de suas palavras, deixar-nos embeber da sua mensagem.
De que forma?
Reenvagelizando a nossa vida, confrontando-a com as suas palavras, procurando pensar com a mente de Jesus e amar com o seu coração.
Cada momento em que procuramos viver o Evangelho é uma gota daquela água viva que bebemos.
Cada gesto de amor ao nosso próximo é um gole daquela água.
Sim, porque aquela água tão viva e preciosa tem isto de especial: jorra no nosso coração cada vez que o abrimos ao amor para com todos. É uma fonte – a fonte de Deus – que libera água na mesma medida em que seu veio profundo serve para saciar a sede dos outros, com pequenos ou grandes atos de amor.
“Todo o que bebe dessa água, terá sede de novo; mas quem beber da água que eu darei, nunca mais terá sede: porque a água que eu darei se tornará nele uma fonte de água jorrando para a vida eterna.”
Já entendemos, portanto, que, para não sofrermos sede, devemos doar a água viva que recebemos Dele dentro de nós mesmos.
Muitas vezes bastará uma palavra, um sorriso, um simples sinal de solidariedade, para nos dar novamente uma sensação de plenitude, de satisfação profunda, um jorro de alegria. E se continuarmos a doar, esta fonte de paz e de vida dará água cada vez mais abundante, sem jamais se esgotar.
Existe também outro segredo que Jesus nos revelou, uma espécie de poço sem fundo do qual podemos beber. Quando dois ou três se unem em seu nome, amando-se com o próprio amor de Jesus, Ele está no meio deles (cf. Mt 18,20). E então nos sentiremos livres, uma só coisa, plenos de luz; e torrentes de água viva jorrarão do nosso seio (cf. Jo 7,38). É a promessa de Jesus que se realiza, porque é Dele mesmo, presente em nosso meio, que jorra aquela água que sacia por toda a eternidade.
Chiara Lubich
Esta Palavra de Vida foi publicada originalmente em março de 2002

terça-feira, 7 de agosto de 2012

De pai para filho

De pai para filho


No que diz respeito à orfandade, logo se pensa sobre a criança que perde ao menos algum dos pais, por motivo de morte ou de não estar mais sob sua tutela. É interessante fazer-se o seguinte questionamento: quando a criança necessita da presença dos pais e não encontra a mínima atenção por parte deles, não seria essa uma criança órfã? Pensar na vida corriqueira e cheia de prioridades dos pais levanta importantes questões como: alguém está assumindo o papel de formar o caráter dos filhos? Se sim, quem está? Quais valores estão sendo passados de pai para filho?
É estranho, mas infelizmente possível, falar atualmente em “órfãos de pais vivos”, na medida em que tanto a figura paterna quanto a materna são desfiguradas por suas agendas cheias de afazeres, nenhum incluindo a convivência com os filhos. A ideia do “eu dou (compro) tudo o que ele precisa” só é válida se a convivência entre pais e filhos for considerada desnecessária. Este aspecto é tão ilógico, e apesar disso, é comum se encontrar famílias nas quais a mãe trabalha praticamente para pagar o salário de uma babá.
Logo, pode-se pensar que quem educa, de fato, é a babá e futuramente uma instituição de ensino, além do grupo de amizades do qual a criança faz parte. Há de se pensar se a instituição família gradualmente vai se desintegrando, na medida em que cede lugar a outras instituições. Os valores passados de geração a geração obviamente sofrem mudanças no que diz respeito a um indivíduo não ser capaz de ensinar algo que não aprendeu. Um pai que não recebeu atenção e convívio saudável de seus próprios pais quando criança, dificilmente será capaz de fazê-lo aos seus filhos.
Talvez seja um caminho sem volta, mas certamente é dever de todos refletir sobre essa temática, já que se trata de algo que afeta a todos na medida em que influencia na estrutura educativa, de formação do caráter dos indivíduos, enfim, de toda a sociedade. É mais simples se o problema não for generalizado, mas posto a cada um da seguinte forma: “quais valores eu estou passando aos meus filhos?”.
Murilo Gabriel Rodrigues[1]


[1] Seminarista da Arquidiocese de Goiânia 1° Ano de Filosofia do IFTSC

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Feliz Dia do Amigo

Feliz Dia do Amigo


Existem pessoas em nossas vidas que nos deixam felizes pelo simples fato de terem cruzado o nosso caminho.
Algumas percorrem ao nosso lado, vendo muitas luas passarem, mas outras vemos apenas entre um passo e outro.

A todas elas chamamos de amigo.
Há muitos tipos de amigos.
Talvez cada folha de uma árvore caracterize um deles.
O primeiro que nasce do broto é o amigo pai e a amiga mãe.
Mostram o que é ter vida.

Depois vem o amigo irmão, com quem dividimos o nosso espaço para que ele floresça como nós.
Passamos a conhecer toda a família de folhas, as quais respeitaram e desejaram o bem.

Mas o destino nos apresenta outros amigos, os quais não sabiam que iam cruzar os nossos caminhos.
Muitos desses denominamos amigos do peito, do coração.
São sinceros, verdadeiros; sabem quando não estamos bem, sabem o que nos faz feliz...

As vezes, um desses amigos do peito estala o nosso coração e então é chamado de amigo namorado.
Este dá brilho aos nossos olhos, música aos nossos lábios, pulos aos nossos pés.

Mas também há aqueles amigos por um tempo, talvez umas férias ou mesmo um dia ou uma hora.
Estes costumam colocar muitos sorrisos na nossa face, durante o tempo que estamos por perto.

Falando em perto, não podemos esquecer os amigos distantes.
Aqueles que ficam nas pontas dos galhos, mas que quando o vento sopra, sempre aparecem novamente entre uma folha e outra.

O tempo passa, o verão se vai, o outono se aproxima, e perdem algumas de nossas folhas.

Algumas nascem num outro verão e outras permanecem por muitas estações.
Mas o que nos deixa mais feliz é que as que caíram continuam por perto, continuam alimentando a nossa raiz com alegria.
Lembranças de momentos maravilhosos enquanto cruzavam o nosso caminho.

Desejo a todos vocês, folhas da minha árvore, Paz, Amor, Saúde, Sucesso, Prosperidade...

Hoje e Sempre...

Simplesmente por que: Cada pessoa que passa em nossa vida é única.
Sempre deixa um pouco de si e leva um pouco de nós.

Há os que levaram muito, mas não há os que não deixaram nada.
Esta é a maior responsabilidade de nossa vida E é a prova quase evidente de que duas almas não se encontram por acaso.







sábado, 7 de julho de 2012

Escravidão ontem e hoje


Instituto de Filosofia e Teologia Santa Cruz

Faculdade de Filosofia





Por Jorgge Eduardo Ulisses de Resende

Escravidão ontem e hoje

Alguns veem escravidão como algo que ocorria antes de 1888, quando as pessoas eram sequestradas de suas terras de origem indo para outra pátria para fazer trabalhos que o homem branco não conseguia ou não queria fazer. Quando a Lei Áurea foi assinada, extinguiu se oficialmente a escravidão no Brasil, no entanto, na prática, ela não foi totalmente abolida.

As condições dos escravos eram precárias em tudo: “alojamento, comida, saúde”, tudo em péssima situação. Os alojamentos eram indignos para seres humanos, pois os barões não os consideravam como gente; a saúde era péssima; era bem mais fácil comprar um novo escravo do que desperdiçar dinheiro com ele levando-o ao médico. Na alimentação eles eram tratados como porcos; o que sobrava era dado a eles. Eles viviam praticamente sem dignidade. Com a assinatura da Lei Áurea, foi abolida a escravatura.

Mas seria um erro afirma que a escravidão acabou, pois em pleno século XXI ainda temos o problema da escravidão. Os trabalhos escravos existem. Na Amazônia, há os extratores de seringa, “borracha in natura”. Alguns trabalham por um prato de comida. Isso também acontece nas olarias que fabricam tijolos em condições precárias e condicionamentos péssimos.

Em pleno século XXI, ainda vivenciamos esta criminalidade. Não há respeito aos direitos humanos, à dignidade da pessoa. Parece mesmo que há um retrocesso ao tempo da escravidão, em vez de se progredir: Faz-se necessário um olhar mais atento dos políticos, um intento verdadeiro dos deputados e senadores de se tomar reais providências para que o Brasil seja, de fato, um país em que não haja escravidão. Afinal, a sujeição de pessoas, como se aquelas fossem seres inferiores, é uma grande vergonha não só pra o Brasil, mas também para o mundo, sabedor que todo ser humano é digno e deve ser tratado com reverência, pois todos são iguais em valor.



Jorgge Eduardo Ulisses de Resende[1]



[1] Seminarista da Diocese de Jataí 1° Ano de Filosofia do Instituto Santa Cruz

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Correr com os cavalos



Correr com os cavalos



Todas as pessoas foram criadas com potencial para crescerem e se desenvolverem. Crescer, multiplicar, dar frutos; para conquistar e melhorar a cada dia. Pode acontecer, porém, que mesmo diante de situações pequenas, nos venha o medo e, assim, retrocedamos.  É preciso reflexão quando o medo tenta nos fazer parar ou voltar atrás, quando esta não seria a melhor opção. Se pequenas situações nos impedem de seguir adiante, como poderemos vencer quando estivermos diante de um grande desafio?

Se quisermos avançar e sair do nível da mediocridade, temos que aprender a correr com os cavalos. Correr com os cavalos significa obter a vitória sobre as grandes batalhas. Essas conquistas dependem do nosso desempenho sobre as pequenas lutas. Isso porque as pequenas lutas que enfrentamos fazem parte do nosso treinamento para as batalhas maiores que estão por vir. Lembrando a promessa bíblica, 'a quem é fiel no pouco, Deus lhe confiará mais'.

Fazer o que comumente qualquer outra pessoa faria, é correr a pé. Quem corre a pé não surpreende, faz apenas o que é esperado, realiza o padrão, o mínimo considerado necessário. Correr a pé é, ainda, mesmo fazendo apenas o mínimo necessário, cansar-se e, inclusive, reclamar. Mas, se a pessoa se entrega à derrota em coisas mínimas, cansando-se e reclamando, como poderá fazer conquistas maiores? Temos aquela missão que depende de nosso sim para que aconteça... Temos, também, muitos desejos, muitos sonhos... Há que se saber qual é a disposição para alcançá-los; qual é o entusiasmo que dispensamos para atingi-los. Quanto, de trabalho árduo, estamos dispostos a empreender.

            Se correr a pé é o corriqueiro, o que se pode fazer para correr com os cavalos? Dar o melhor de si. Realizar o que nos foi confiado, desdobrando-nos, gastando-nos. E mesmo no cansaço e nas dificuldades, mesmo diante dos obstáculos enfrentados, encontrar o caminho e seguir em frente na busca do objetivo traçado. O cansaço e o desânimo são dissipados pela visão permanente e confiante da vitória futura e próxima.

No entanto, mesmo desdobrando-se, ainda que deem o melhor de si, homens e mulheres, por si mesmos, não podem competir com cavalos. Para correr mais que cavalos é necessária a unção de Deus. Quando Deus dá uma missão, capacita a pessoa para fazer o que é preciso. É, pois, em Deus, que devemos colocar toda a nossa confiança e, com intrepidez, fazer o que deve ser feito. 

Imbuídos, então, de entusiasmo e motivação; descobrindo dia a dia a missão que nos é dada por Deus, podemos esperar resultados favoráveis, podemos confiar na vitória, porque é o próprio Deus que nos anima, nos desafia e capacita a correr com os cavalos: "Se te afadigas em correr com os que andam a pé, como poderás lutar com os que vão a cavalo?" (Jr 12,5a)



Sumã Pedrosa[1]



[1] Professora do Instituto de Filosofia e Teologia Santa Cruz e no Senac.