terça-feira, 7 de agosto de 2012

De pai para filho

De pai para filho


No que diz respeito à orfandade, logo se pensa sobre a criança que perde ao menos algum dos pais, por motivo de morte ou de não estar mais sob sua tutela. É interessante fazer-se o seguinte questionamento: quando a criança necessita da presença dos pais e não encontra a mínima atenção por parte deles, não seria essa uma criança órfã? Pensar na vida corriqueira e cheia de prioridades dos pais levanta importantes questões como: alguém está assumindo o papel de formar o caráter dos filhos? Se sim, quem está? Quais valores estão sendo passados de pai para filho?
É estranho, mas infelizmente possível, falar atualmente em “órfãos de pais vivos”, na medida em que tanto a figura paterna quanto a materna são desfiguradas por suas agendas cheias de afazeres, nenhum incluindo a convivência com os filhos. A ideia do “eu dou (compro) tudo o que ele precisa” só é válida se a convivência entre pais e filhos for considerada desnecessária. Este aspecto é tão ilógico, e apesar disso, é comum se encontrar famílias nas quais a mãe trabalha praticamente para pagar o salário de uma babá.
Logo, pode-se pensar que quem educa, de fato, é a babá e futuramente uma instituição de ensino, além do grupo de amizades do qual a criança faz parte. Há de se pensar se a instituição família gradualmente vai se desintegrando, na medida em que cede lugar a outras instituições. Os valores passados de geração a geração obviamente sofrem mudanças no que diz respeito a um indivíduo não ser capaz de ensinar algo que não aprendeu. Um pai que não recebeu atenção e convívio saudável de seus próprios pais quando criança, dificilmente será capaz de fazê-lo aos seus filhos.
Talvez seja um caminho sem volta, mas certamente é dever de todos refletir sobre essa temática, já que se trata de algo que afeta a todos na medida em que influencia na estrutura educativa, de formação do caráter dos indivíduos, enfim, de toda a sociedade. É mais simples se o problema não for generalizado, mas posto a cada um da seguinte forma: “quais valores eu estou passando aos meus filhos?”.
Murilo Gabriel Rodrigues[1]


[1] Seminarista da Arquidiocese de Goiânia 1° Ano de Filosofia do IFTSC