sexta-feira, 4 de maio de 2012

"SE NÃO PENSO, LOGO NÃO DEVO EXISTIR"





“Se penso, logo existo”! Dizia Descartes no século XVI. Com certeza os filósofos teriam várias formas de analisar esse pensamento. Mas, o Intelecto, sendo o entendimento, a inteligência e a faculdade de compreender algo, pode julgar se o ser é ou não é? E se falarmos de um feto que tem uma anomalia, um anencéfalo, pode-se afirmar que o fato de não ter o “poder de pensar” faz dele um “alguém ou algo” que não seja um ser? Se a resposta for sim, então devemos matar também todos os cachorros e gatos, raposas e cobras, onças e papagaios. Ou será que esses animais valem mais do que um feto, que parece não ser, mas já é um “alguém”? Sei que ao lerem este artigo algumas pessoas vão citar os vários argumentos que utilizo sobre a comparação de animal racional e irracional. Sugiro, pois, que se aproveite o tempo e se crie uma linha de raciocínio e não somente uma razão isolada.

Certa vez acompanhei um casal de amigos em uma conversa, a moça estava grávida há algumas poucas semanas e já faziam planos, “trocadilhos” de nomes e até profissão já pensavam para o “ser” que eles nem sabiam se seria do sexo feminino ou masculino. Era um carinho para/por alguém que era um ser pequenino, indefeso, de tamanho minúsculo, mas com vida, no seio da jovem mãe. Eles já amavam aquela minúscula criatura. Que bela palavra: “AMAR”! Eles já amavam; e entre projetos e sorrisos invadia-lhes uma sensação de felicidade. Essa criança até poderia nascer com alguma deficiência, o que não foi o caso, e seria plenamente amada. Porém não estou analisando o nascimento, mas sim a gestação, antes mesmo de se conseguir, cientificamente, identificar-se algum problema de saúde. Já é ALGUÉM. Já é um ser.

Interessante é que, para os vários cientistas, um “ser humano” é realmente “ser humano” após uma quantidade "X" de dias e, por isso, o aborto tem um caráter lícito no meio. Até porque “um pequeno ser” e o anencéfalo não têm capacidade de desenvolver um intelecto. E é verdade, são vetados à vida.  

Intelecto? E quem vota a favor da morte? Tem algum intelecto? É formador de opinião? No máximo, eu poderia dizer que vocês são seres menos valorizados que uma incompreendida formiga. Porém, seria uma falta de respeito essa comparação, falta de respeito à formiga, já que, tendo o ser humano a capacidade de utilizar a razão para a continuação do bem natural, utiliza-a para o engrandecimento do ego.

Parabéns políticos, médicos e todos que apoiam a morte. Parabéns a todos que ficam calados.  Parabéns a todos vocês que utilizam o poder “soberano” para mudar uma LEI QUE É LEGÍTIMA, NATURAL E PRÓPRIA DO SER HUMANO. Vocês realmente merecem elogios, pois são corajosos ao revelarem com simplicidade a estratégia de como matar e ao mesmo tempo mostrar uma imagem de que agem em defesa da vida. Meus mais sinceros e irônicos aplausos. Mas afinal, pode-se desprezar uma vida por outra? Ou será que não têm outros motivos que “valem” mais do que a vida?

Fiz questão de não falar neste artigo sobre Deus, pois é EXPLÍCITO que de fé vocês não entendem nada. Talvez porque a fé ultrapassa a coragem e chega à verdade. Verdade? Conhecem mesmo algo sobre isso? Não comentei também pesquisas com estatísticas, pois quando querem defender algo de interesse não coletivo, estatísticas podem aparecer de forma mágica e aparentemente correta, mas ainda com um toque de ilusionismo.

Em vez disso, podemos pensar na lógica de que se o feto tem alguma doença, tem que ter vida e, portanto, é vida. Os SENHORES (AS) poderiam nos responder, utilizando-se de seus mais minuciosos estudos e pesquisas científicas, se há condição de se ter doença em algo que está morto? A sim! A resposta pode até ser sim. Correto? Mas a doença desenvolveu quando o ser “não intelectual” era vivo ou quando já estava morto? Pode uma doença afetar um cadáver e lhe fazer mal?

Proponho um questionamento, se é que queiram -pensar- no assunto: A ciência ainda não conhece completamente as ações do cérebro, sendo assim, o que garante que uma pessoa com Anencefalia não tenha condições de ter algum tipo de pensamento ou sentimento que não consiga expressar? Algum dos senhores doutores da "plena sabedoria" já se deparou com algum caso deste gênero? Vai até ser difícil se deparar, já que as experiências devem ser feitas com vivos e não com mortos. Os "proprietários majoritários da sabedoria" não estão preocupados com as possibilidades e sim com o definitivo. Não propõem possibilidades para a vida e sim definem como matar de forma ironicamente bela e licitamente legal.

Talvez os deuses gregos e os grandes filósofos (da antiguidade) percam lugar de destaque na arte de pensar e questionar, pois os novos amigos da sabedoria, mais espertos que os sofistas,  já decidiram que "se não penso, logo, não devo existir". Na administração, ganhariam também destaque com a nova forma de "reengenharia humana". Vamos gritar, a partir de agora, "Independência e Morte"! Mas, prezados deuses e filósofos da morte, do congresso, do senado, do plenário, da câmara, da sociedade, todos vocês, não se sintam constrangidos, pois com certeza valem muito mais do que os cachorros e gatos, raposas e cobras, onças e papagaios; e valem, porém, A MESMA COISA OU TÊM A MESMA DIGNIDADE do feto anencéfalo.


Vilmar Antônio Barreto[1]









[1] Seminarista da Arquidiocese de Goiânia 1°de Filosofia do IFTSC

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